As características da chamada vida moderna exigem maior mobilidade das pessoas e melhor emprego do tempo, dada a crescente variedade de atividades assumidas. A racionalidade no emprego do tempo disponível busca melhorar o seu aproveitamento e consequente alcance de resultados nos objetivos de vida de cada um.
A inserção da mulher no mercado de trabalho, por exemplo, trouxe diversas modificações no dia-a-dia das famílias, desde a necessidade de melhor preparo intelectual dela própria, para fazer face às exigências dos empregadores, quanto no acompanhamento dos filhos e atribuições do ambiente doméstico que, forçosamente são "terceirizados". Acentua-se a escassez de tempo, mais crítica quando a necessidade para uma nova atividade for regular e inflexível no que se refere a horários.
Nesse cenário se insere a Educação a Distância que é a modalidade de ensino e aprendizagem na qual professor e aluno estão em espaços e tempos diferentes, buscando atender as necessidades do aluno. Seu método permite flexibilidade de horários em grande parte das atividades e o consequente melhor aproveitamento do tempo.
Ententanto, o desconhecimento por muitos sobre a EAD tem ainda alimentado preconceitos em relação a esse sistema de ensino, julgando que o aprendizado dele decorrente é menos eficiente do que aquele obtido através do modelo presencial tradicional.
Há evidências contrárias a esse juízo. Pesquisas encomendadas pelo Departamento de Educação dos Estados Unidos, para o período de 1996 a 2008, identificando mais de mil estudos sobre aprendizagem online mostraram que, em média, os alunos em condições de aprendizagem online tiveram desempenho superior quando comparados àqueles que receberam ensino presencial. No Brasil, o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) mostrou desempenho superior de alunos de cursos a distância quando comparados com alunos de cursos presenciais em diversas áreas.
As primeiras manifestações no gênero se deram na Antiguidade, na Grécia antiga e em Roma, com o desenvolvimento da troca de informações por correspondência. Nos Séculos XVII e XVIII, quando ocorreu a Revolução Científica, as cartas contendo informações científicas assumiram forma de ensino. Segundo Lobo Neto (1995) o marco inicial da EAD se deu em 20 de março de 1728, com a publicação de anúncio na Gazeta de Bostom oferecendo um curso de taquigrafia por correspondência.
No Século XIX surgiram cursos por correspondência na Suécia, 1833; Ingflaterra, 1840; Berlim, 1856, e na Pensilvânia em 1891. Em 1892 a Universidade de Chicago criou uma Divisão de Ensino por Correspondência no seu Departamento de Extensão. Nesse mesmo ano de 1892 o Senador pela Carolina do Sul, Willian Harper, escreveu: "Chegará o dia em que o volume da instrução recebida por correspondência será maior do que o transmitido nas aulas de nossas academias e escolas; em que o número dos estudantes por correspondência ultrapassará o dos presenciais."
Com o desenvolvimento dos correios e dos meios de transporte surgiram iniciativas de grande monta, como na União Soviética em 1922, onde se atendia a 350 mil estudantes, e na França em 1939. A partir daí introduziu-se o rádio como veículo de comunicação. Nas décadas de 1950 e 1960 se deu a introdução da televisão e do videocassete.
Pode-se dividir em três gerações o desenvolvimento da EAD, como segue:
- 1ª Geração - Ensino por correspondência. No Brasil o pioneirismo é do Instituto Monitor, em São Paulo, cujos cursos foram inaugurados em 1939, logo seguido pelo Instituto Universal Brasileiro;
- 2ª Geração - Telecursos utilizando o rádio e a televisão, com aulas expositivas, fitas cassete, fitas de vídeo e material impresso;
- 3ª Geração - Ambientes interativos com informações armazenadas e acessadas em tempos diferentes sem que se perca a interatividade. Com o emprego da internet tornou-se possível a utilização de teleconferência, chat, fóruns de discussão, correio eletrônico, blogues e ambientes virtuais.
Através do Decreto nº 1.917 de 27 de maio de 1996, criou-se no Brasil a Secretaria de Educação a Distância - SEED, vinculada ao Ministério da Educação, que, como medidas subsequentes, criou a TV Escola e o Proinfo - Programa Nacional de Informática na Educação. A SEED atua como agente de inovação tecnológica nos processos de ensino e aprendizagem, fomentando a incorporação das tecnologias de informação e comunicação (TICs) e das técnicas de educação a distância aos métodos didáticos-pedagógicos.
Existem disponíveis diversas plataformas e sistemas para tutoria em EAD, chamados LMS - Learning Management System, também conhecidos como CMS - Course Management System e LCMS - Learning Content Management System. Em português, AVA - Ambiente Virtual de Aprendizagem. Uma das plataformas mais utilizadas mundialmente é o Moodle - Modular Object Oriented Dynamic Learning Enviroment.
Além das vídeo aulas e material de apoio, há diversas outras atividades utilizadas para o desenvolvimento e integração do aluno, como fóruns de discussão, exercícios e questões através de videoconferências e web conferências, bem como encontros em ambientes virtuais para desenvolvimento de projetos e games multiusuários, utilizando-se cases no Brasil e no exterior.
O ambiente de estudo da EAD é amplo e dinâmico, com ferramentas as mais diversas, cujo desenvolvimento é contínuo.
Para o perfeito desenvolvimento das atividades e alcance do aproveitamento necessário, exige-se do aluno, além do acesso ao computador e a uma conexão de alta velocidade - e saber utilizá-los - que o estudante da EAD possua mente aberta e disposição para compartilhar detalhes sobre sua vida, seu trabalho e suas experiências educacionais.
Deverá ter disciplina e regularidade, dispensando o tempo necessário às atividades de estudo, independentemente de cobranças ou qualquer outra forma de controle externo sobre suas atividades.
O papel do professor transformou-se, passando a representar um guia ao lado do aluno (guide on the side), que é, essencialmente, o papel do professor no curso de graduação e nos níveis posteriores, onde deve ser o orientador dos estudos, mostrando caminhos e fazendo correções de rumo.
As pedagogias aplicadas na EAD igualmente evoluiram e complementaram-se desde as idéias iniciais na década de 1930, focando-se atualmente na interação e consultas no ambiente da EAD, não se limitando ao professor ou mesmo aos grupos. É ampliada pelas interações periféricas possibilitadas pelas redes, com um público maior, constituído por alunos, profissionais e outros professores, que podem comentar e contribuir para o aprendizado conectivista.
A exemplo do que se dá na atividade profissional com o aumento progressivo do chamado home office, no qual o profissional desenvolve a maior parte de suas atividades em sua própria casa, desobrigado de comparecer na empresa, otimizando o aproveitamento de seu tempo pois elimina o tempo gasto em deslocamento, cada vez mais crítico pela piora das condições de trânsito, e ainda economiza espaço nas dependências da empresa, a EAD, igualmente, aproveita os recursos e facilidades dos meios de comunicação, cada vez mais aprimorados, para criar facilidades ao aluno.
Em ambas as situações é evidente a importância da autodisciplina, organização pessoal, responsabilidade e regularidade na execução das tarefas para que os resultados sejam alcançados. Esse aspecto constitui-se em mais uma contribuição do modelo da EAD para o autodesenvolvimento pessoal que é elemento integrante dos objetivos educacionais.
Fontes bibliográficas:
· http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=289&Itemid=356 (acesso em 01/08/2011)
· MATTAR, João. Educação A Distância no Brasil e no Mundo. Departamento de Extensão e Pós-Graduação. Anhanguera Educacional, 2011.
· http://bioguide.congress.gov/scripts/biodisplay.pl?index=H000226 (acesso em 03/08/2011)
· http://pt.wikipedia.org/wiki/Educa%C3%A7%C3%A3o_a_dist%C3%A2ncia (acesso em 02/08/2011)
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirOlá Prof. Medau, seu post é muito interessante.
ResponderExcluirOs aspectos históricos apresentados demonstram a seriedade do modelo de Educação a Distância desde a sua criação.
Estamos escrevendo uma nova história da educação, e com toda certeza, vitoriosa.
Na sua opinião Prof. Medau, quais as contribuições oferecidas àos profissionais formados através da EaD?
Excelente post!
Um grande abraço.
Prof. Esp. Paulo C. Barreto
Coordenador Academico de EaD
http://paulocbarreto.blogspot.com
Prezado Prof. Paulo Barreto,
ResponderExcluirConsidero que, além das facilidades decorrentes da flexibilidade do sistema de estudos, que possibilita a realização do curso a pessoas cujos horários não o permitiriam de outra forma, há vantagens na própria formação.
O desafio da interatividade, intrínsico ao método, bem como a condução do curso de maneira mais autônoma, consolida no estudante os princípios da iniciativa e da autodisciplina que lhes serão valiosos no desenvolvimento pessoal e profissional.
Honrado por sua participação, agradeço-lhe.
J.Medau